Governo Lula trabalha com cenário de recessão global e escalada de guerra comercial
Integrantes da equipe econômica têm mantido diálogo constante com agentes de outros países para entender os desdobramentos da crise. A Fazenda acredita que, em se confirmando uma recessão global, a pressão inflacionária no Brasil deve reduzir sensivelmente. Dentre os vários desdobramentos possíveis da guerra comercial após o anúncio das tarifas a países por Donald Trump, o governo Lula trabalha, como cenário mais provável para os próximos meses, um quadro de recessão global e de escalada da disputa entre Estados Unidos e China. O blog conversou com ministros do governo federal, integrantes da equipe econômica e auxiliares do presidente no Palácio do Planalto. Segundo estas fontes, o Brasil ainda está em "modo de observação" e ainda não tem uma visão clara do que irá acontecer. Os sinais de agora, no entanto, são de que as duas maiores economias do mundo não vão chegar a um acordo em torno das tarifas e isso irá arrastar o planeta para uma recessão global. Isso quer dizer que países como Estados Unidos, nações da União Europeia, Reino Unido e Japão devem sofrer uma retração no Produto Interno Bruto (PIB) neste ano, enquanto a China deve ter um crescimento muito mais tímido do que o registrado nos últimos anos. Integrantes da equipe econômica têm mantido diálogo constante com agentes de outros países para entender os desdobramentos da crise. A Fazenda acredita que, em se confirmando uma recessão global, a pressão inflacionária no Brasil deve reduzir sensivelmente. O dólar, que vinha numa trajetória de queda desde o final de 2024, mudou de direção e passou a subir de forma acelerada após o anúncio do tarifaço de Donald Trump. Além disso, os produtos importados vão ficar mais caros em função dessas tarifas. Esses dois fatores pressionam a inflação no mundo todo, inclusive no Brasil, no curto prazo. Já no médio e longo prazo o desaquecimento das economias decorrente das tarifas tende a frear a inflação. LEIA MAIS Casa Branca confirma que tarifas de 104% contra a China serão cobradas a partir desta quarta Vice de Trump chama chineses de 'camponeses'; Pequim retruca e diz que fala é 'ignorante e desrespeitosa' Fontes do governo admitem, no entanto, que alguns alimentos podem ficar mais caros em função da reorganização das cadeias produtivas globais. A possibilidade de recessão no Brasil é tratada como remota. Os argumentos são que o Brasil tem uma balança comercial diversificada, não é alvo preferencial do tarifaço de Trump, possui um mercado interno grande e conta com indicadores positivos de emprego e renda. China e Europa conversam sobre tarifas de Trump Oportunidade e negociação Nos bastidores do governo, a palavra de ordem é cautela. Há, claro, uma evidente apreensão com o que pode vir nos próximos dias, mas também uma certa dose de otimismo com as oportunidades que podem surgir nessa crise. O governo brasileiro vê na guerra comercial uma oportunidade de o país se posicionar como um ator mais relevante no comércio internacional. A mudança já é notada na prática. Nos últimos dias, representantes de países da União Europeia, do Canadá, da Arábia Saudita, entre outros, procuraram o governo brasileiro com a perspectiva de ampliar negócios. O governo acredita que a posição anti-europeia de Trump fará com que o acordo entre Mercosul e União Europeia seja finalmente concluído pela pura necessidade dos europeus em buscar alternativas. O Brasil aposta ainda em ampliar parcerias na Ásia e na América Latina. Não há pressa do lado brasileiro para encerrar as negociações com os americanos. O foco, neste momento, está em tentar avançar nas tratativas específicas sobre as taxas de aço e alumínio, anunciadas no primeiro tarifaço de Trump, em março, e que passaram a valer no início deste mês. O Brasil tenta convencer os americanos a restabelecer as cotas de exportação do aço. A negociação em torno da tarifa linear de 10% sobre todos os produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos fica, nesse momento, em segundo plano.


Integrantes da equipe econômica têm mantido diálogo constante com agentes de outros países para entender os desdobramentos da crise. A Fazenda acredita que, em se confirmando uma recessão global, a pressão inflacionária no Brasil deve reduzir sensivelmente. Dentre os vários desdobramentos possíveis da guerra comercial após o anúncio das tarifas a países por Donald Trump, o governo Lula trabalha, como cenário mais provável para os próximos meses, um quadro de recessão global e de escalada da disputa entre Estados Unidos e China. O blog conversou com ministros do governo federal, integrantes da equipe econômica e auxiliares do presidente no Palácio do Planalto. Segundo estas fontes, o Brasil ainda está em "modo de observação" e ainda não tem uma visão clara do que irá acontecer. Os sinais de agora, no entanto, são de que as duas maiores economias do mundo não vão chegar a um acordo em torno das tarifas e isso irá arrastar o planeta para uma recessão global. Isso quer dizer que países como Estados Unidos, nações da União Europeia, Reino Unido e Japão devem sofrer uma retração no Produto Interno Bruto (PIB) neste ano, enquanto a China deve ter um crescimento muito mais tímido do que o registrado nos últimos anos. Integrantes da equipe econômica têm mantido diálogo constante com agentes de outros países para entender os desdobramentos da crise. A Fazenda acredita que, em se confirmando uma recessão global, a pressão inflacionária no Brasil deve reduzir sensivelmente. O dólar, que vinha numa trajetória de queda desde o final de 2024, mudou de direção e passou a subir de forma acelerada após o anúncio do tarifaço de Donald Trump. Além disso, os produtos importados vão ficar mais caros em função dessas tarifas. Esses dois fatores pressionam a inflação no mundo todo, inclusive no Brasil, no curto prazo. Já no médio e longo prazo o desaquecimento das economias decorrente das tarifas tende a frear a inflação. LEIA MAIS Casa Branca confirma que tarifas de 104% contra a China serão cobradas a partir desta quarta Vice de Trump chama chineses de 'camponeses'; Pequim retruca e diz que fala é 'ignorante e desrespeitosa' Fontes do governo admitem, no entanto, que alguns alimentos podem ficar mais caros em função da reorganização das cadeias produtivas globais. A possibilidade de recessão no Brasil é tratada como remota. Os argumentos são que o Brasil tem uma balança comercial diversificada, não é alvo preferencial do tarifaço de Trump, possui um mercado interno grande e conta com indicadores positivos de emprego e renda. China e Europa conversam sobre tarifas de Trump Oportunidade e negociação Nos bastidores do governo, a palavra de ordem é cautela. Há, claro, uma evidente apreensão com o que pode vir nos próximos dias, mas também uma certa dose de otimismo com as oportunidades que podem surgir nessa crise. O governo brasileiro vê na guerra comercial uma oportunidade de o país se posicionar como um ator mais relevante no comércio internacional. A mudança já é notada na prática. Nos últimos dias, representantes de países da União Europeia, do Canadá, da Arábia Saudita, entre outros, procuraram o governo brasileiro com a perspectiva de ampliar negócios. O governo acredita que a posição anti-europeia de Trump fará com que o acordo entre Mercosul e União Europeia seja finalmente concluído pela pura necessidade dos europeus em buscar alternativas. O Brasil aposta ainda em ampliar parcerias na Ásia e na América Latina. Não há pressa do lado brasileiro para encerrar as negociações com os americanos. O foco, neste momento, está em tentar avançar nas tratativas específicas sobre as taxas de aço e alumínio, anunciadas no primeiro tarifaço de Trump, em março, e que passaram a valer no início deste mês. O Brasil tenta convencer os americanos a restabelecer as cotas de exportação do aço. A negociação em torno da tarifa linear de 10% sobre todos os produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos fica, nesse momento, em segundo plano.