Fundador da AMEC renuncia à cidadania dos EUA e retoma nacionalidade chinesa em meio a tensões tecnológicas
O presidente e diretor executivo da Advanced Micro-Fabrication Equipment (AMEC), Gerald Yin Zheyao, renunciou à cidadania norte-americana e reassumiu sua nacionalidade chinesa, conforme indicado no relatório anual da empresa divulgado nesta sexta-feira, 18. A AMEC é uma fabricante de equipamentos semicondutores com sede em Xangai. Segundo os relatórios anuais da empresa referentes aos anos de […] O post Fundador da AMEC renuncia à cidadania dos EUA e retoma nacionalidade chinesa em meio a tensões tecnológicas apareceu primeiro em O Cafezinho.

O presidente e diretor executivo da Advanced Micro-Fabrication Equipment (AMEC), Gerald Yin Zheyao, renunciou à cidadania norte-americana e reassumiu sua nacionalidade chinesa, conforme indicado no relatório anual da empresa divulgado nesta sexta-feira, 18. A AMEC é uma fabricante de equipamentos semicondutores com sede em Xangai.
Segundo os relatórios anuais da empresa referentes aos anos de 2020, 2021 e 2022, Yin era identificado como cidadão dos Estados Unidos.
O relatório de 2023, porém, não menciona sua nacionalidade, sinalizando formalmente a mudança. A empresa não divulgou mais detalhes sobre o processo.
Yin, de 81 anos, é uma figura veterana da indústria global de semicondutores, tendo atuado em empresas como Applied Materials, Lam Research e Intel, todas com sede nos Estados Unidos.
Ele fundou a AMEC em 2004, posicionando a companhia como uma das principais fornecedoras chinesas de equipamentos de gravação e deposição de semicondutores.
A renúncia à cidadania norte-americana ocorre em um contexto de tensões crescentes entre China e Estados Unidos no setor de tecnologia, especialmente em relação ao desenvolvimento de chips e equipamentos críticos.
Em outubro de 2022, o Departamento de Comércio dos EUA impôs restrições que proíbem cidadãos e residentes permanentes do país de se envolverem na produção ou desenvolvimento de semicondutores em determinadas instalações localizadas na China.
Essas medidas resultaram na renúncia de outros dois executivos da AMEC, Ni Tuqiang e Yang Wei, ambos cidadãos norte-americanos, aos seus cargos técnicos seniores no ano passado.
À época, a empresa declarou que as saídas não afetariam de forma significativa as atividades de pesquisa, desenvolvimento ou operação.
Apesar dessas mudanças, as ações da AMEC negociadas na Bolsa de Xangai encerraram o pregão de sexta-feira estáveis, com preço de fechamento de 190 yuans, o equivalente a aproximadamente 26 dólares.
A publicação do relatório anual também marca um momento simbólico para a empresa, que em dezembro de 2024 foi retirada da lista de empresas consideradas vinculadas ao Exército da China pelo Departamento de Defesa dos EUA.
A AMEC havia sido incluída nessa lista em janeiro do mesmo ano, mas foi excluída sem justificativa pública divulgada pelo governo norte-americano.
Nos dados financeiros apresentados, a empresa reportou uma receita total de 9,02 bilhões de yuans em 2024, o que representa um crescimento de 44,73% em relação ao ano anterior. A taxa média anual de crescimento da receita da AMEC, considerando os últimos quatro anos, ultrapassa 40%.
Por outro lado, o lucro líquido da empresa sofreu queda de 9,52% no período, totalizando 1,61 bilhão de yuans. A redução está associada ao aumento de 94,31% nos investimentos em pesquisa e desenvolvimento, que atingiram 2,45 bilhões de yuans em 2024.
A companhia informou que tem acelerado significativamente os ciclos de desenvolvimento de novos produtos. Segundo o relatório, o processo que anteriormente levava entre três e cinco anos foi reduzido para menos de dois anos, permitindo à empresa introduzir novos equipamentos no mercado em menor prazo.
A AMEC também declarou que pretende reduzir a dependência de ferramentas importadas, com o objetivo de alcançar padrões equivalentes aos de concorrentes internacionais e sustentar seu crescimento no longo prazo. A empresa destaca a meta de “fechar a lacuna” na oferta de equipamentos de fabricação de chips avançados na China.
O ambiente de mercado no setor de semicondutores chinês também tem beneficiado concorrentes locais. A Naura Technology Group, sediada em Pequim, divulgou no início deste mês uma projeção de crescimento de até 51% na receita e de até 53% no lucro líquido no primeiro trimestre de 2025, em comparação ao mesmo período do ano anterior.
Outra empresa do setor, a SiCarrier, fundada há três anos e apoiada pelo governo municipal de Shenzhen, anunciou recentemente o lançamento de novos produtos durante a feira Semicon China. A companhia possui laços com a Huawei Technologies e atua no fornecimento de equipamentos para a indústria de semicondutores.
A movimentação de Gerald Yin ocorre em um momento em que o governo chinês tem incentivado o retorno de quadros técnicos e executivos de alto nível para reforçar a autossuficiência tecnológica do país.
A renúncia de sua cidadania norte-americana soma-se a uma série de ações e mudanças estratégicas observadas no setor desde a intensificação das restrições impostas pelos Estados Unidos.
A AMEC segue como um dos principais nomes na cadeia de suprimentos da indústria de semicondutores da China, com papel relevante nos esforços do país para reduzir a dependência de tecnologia estrangeira em áreas consideradas estratégicas.
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