Fim do domínio dos EUA? Professor alerta para ‘autodestruição’ com política tarifária de Donald Trump

Dentre as várias discussões e desdobramentos relacionados à política comercial de Donald Trump, uma das mais relevantes é: poderíamos estar chegando ao fim do domínio econômico dos Estados Unidos tal como conhecemos?

Esse foi um dos assuntos abordados na última quinta-feira (10) no podcast Market Makers, com presença do analista Matheus Spiess, da Empiricus, e do cientista político e professor Heni Ozi Cukier, também conhecido como Professor HOC (assista na íntegra ao final da matéria).

Na visão do professor, existe a possibilidade de que as atitudes extremas de Donald Trump relacionadas ao comércio global possam afetar o domínio dos Estados Unidos em relação ao mundo. 

“Trump veio com outra mentalidade, com outra lógica, percebeu coisas que não gostou no primeiro mandato e se cercou de pessoas totalmente fiéis e cegas a ele. Uma série de fatores colocam ele em uma trajetória que ninguém consegue contê-lo. E quatro anos são suficientes para destruir esse império”, disse.

O professor lembra ainda que, cercado de apoiadores no governo e no partido, será difícil que alguém desafie Trump internamente.

“Ele dominou o partido, essa é uma mudança crítica. A segunda mudança é que Trump se cercou de pessoas em que o critério mais importante era a lealdade a ele. Por que você teve política do ‘covid zero’ na China? Porque ninguém contraria o Xi Jinping. Por que Putin começou a se dar mal na guerra? Porque nenhum general falou que isso daria errado para ele. Trump criou um cenário parecido nesse sentido”, afirmou. 

Trump: diagnóstico do problema foi correto, mas o remédio utilizado foi equivocado

Segundo o professor, o diagnóstico feito por Trump e sua equipe em relação à economia mundial foi correto, assim como a coragem de mexer em um “problema tão profundo e grave”. 

“São dois acertos monumentais de Trump. O problema é que o remédio escolhido para tratar é, no mínimo, problemático. E o que está mais errado é a forma. Esses erros secundários inviabilizam todos os acertos iniciais”, afirmou. 

Nesse sentido, o professor Heni Ozi Cukier vê os próprios americanos “incapazes de se organizar” e em rota de “autodestruição”, com os Estados Unidos se colocando em uma “posição em que não precisariam estar”.

“O século XXI ainda seria o século americano. Os EUA tinham e têm vantagens. O problema é que uma liderança pode destruir tudo isso. Percepções erradas, ações erradas e da forma errada podem complicar e levar os EUA para um lugar muito ruim”, avalia. 

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Mercado foi do ânimo à preocupação com Trump

O analista macroeconômico da Empiricus, Matheus Spiess, lembra que as atitudes do presidente geraram uma crise de confiança em relação aos Estados Unidos. Isso se refletiu nos mercados globais, que despencaram desde o anúncio das tarifas recíprocas de Trump. 

“[Foi] Uma ruptura com algo que o mundo estava acostumado. Houve frustração dos próprios agentes de mercado. Quando o Trump foi eleito, todo mundo estava animado com as coisas boas que poderiam vir em questão de redução [da participação] do Estado, de impostos, de desburocratização. Quando os lados negativos bateram à porta, como as questões envolvendo a migração, o comércio e as rupturas das alianças históricas, o mercado começou a realizar [os lucros, ou seja, vender as posições]”, disse Spiess.

No episódio do Market Makers, os especialistas abordaram ainda qual foi o diagnóstico feito por Trump e sua equipe em relação à economia global, as possibilidades de uma Terceira Guerra Mundial, e como ficam o Brasil e os investimentos em meio ao conflito tarifário. 

Para assistir ao podcast na íntegra, basta clicar no player abaixo:

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