"FC Porto-Benfica não fica atrás dos jogos europeus. É muito vendável"

José Gomes Mendes, candidato à presidência da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP), defendeu que a centralização dos direitos audiovisuais é uma medida "estrutural e urgente", sublinhando que Portugal está atrasado neste processo relativamente às principais ligas europeias.

Abr 9, 2025 - 07:55
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"FC Porto-Benfica não fica atrás dos jogos europeus. É muito vendável"

"Todas as ligas relevantes da Europa já fizeram a centralização dos direitos televisivos. Apenas Portugal e Chipre estão de fora. Esta decisão está identificada há muito tempo como urgente e só falta mesmo ter coragem para a concretizar", afirmou o candidato da lista B às eleições marcadas para sexta-feira, em entrevista à agência Lusa.

 

O ex-secretário de Estado dos Governos de António Costa, primeiro Adjunto e do Ambiente e, depois, da Mobilidade e do Planeamento concorre com Reinaldo Teixeira, para o período até 2027, para finalizar o mandato iniciado por Pedro Proença, reconhece a complexidade da centralização, reiterando a necessidade de mudar o posicionamento da Liga, nos mercados nacional e internacional, para que possa ser devidamente rentabilizado.

"No estado atual, tenho muitas dúvidas que chegue aos 300 milhões de euros [por época]. Mas esse não é o limite, é apenas o ponto de partida. Significa que temos de trabalhar este nosso produto e isso exige investimento, melhoria do espetáculo e posicionamento estratégico", declarou.

Gomes Mendes defendeu que o futebol português pode e deve ser mais vendável, lembrando que há jogos com potencial elevado, mas que o problema está na valorização do conjunto, defendendo uma nova abordagem à comercialização, com segmentação de conteúdos, foco no 'streaming' e um plano internacional de valorização do produto.

"Vi um FC Porto-Benfica espetacular no ambiente, independentemente do resultado. É muito vendável. Não fica atrás de nenhum jogo no resto da Europa. Temos de saber posicionar, segmentar e valorizar o nosso produto", afirmou.

O presidente da Mesa da Assembleia Geral (MAG) da LPFP desde junho de 2023, cargo que já tinha ocupado entre 2014 e 2015, elege a qualidade do espetáculo como fator central para essa valorização e defendeu uma intervenção técnica estruturada nesse domínio, criticando interrupções excessivas nos jogos e apelando à criação de uma direção técnica desportiva para acompanhar a evolução do futebol como produto de entretenimento.

"Não podemos ter o jogo interrompido mais de dois minutos e meio de cada vez por causa de umas linhas de fora de jogo. Isto destrói o nosso produto. Temos de trazer o jogo e o futebol para o centro da decisão", declarou.

Sobre as infraestruturas, disse haver um défice de qualidade "um bocadinho assustador" em várias sociedades desportivas e considerou inaceitável que o futebol profissional continue a ser disputado em recintos sem condições para acolher público com conforto e segurança.

"O futebol é um desporto de inverno, e num estádio onde chove, não vamos com a família toda ver um jogo. É dramático para o espetáculo e para a receita", afirmou.

O doutorado em Engenharia Civil, de 63 anos, propôs que a LPFP prepare um dossiê estratégico de investimento em infraestruturas e ajude a procurar financiamento, público e privado, para apoiar os clubes nesse processo.

Apesar do confronto eleitoral para a presidência da LPFP, marcado para sexta-feira, no Porto, que opõe a lista B, de José Gomes Mendes, à lista A, liderada por Reinaldo Teixeira, presidente da Associação de Futebol do Algarve, o ainda líder da MAG mostrou-se otimista quanto à coesão entre os clubes no futuro, apesar das divergências em campanha.

"Quero acreditar que, como aconteceu num passado recente, depois do dia 11 abril, estaremos todos do mesmo lado, todos a trabalhar para melhorar o futebol português. Isto é uma indústria que lida com paixões, mas temos condições de voltar a unir", afirmou.

Entre as diferenças nos projetos, Gomes Mendes defende a melhor preparação da sua equipa.

"Acho que tenho um programa e uma equipa melhor que o meu adversário. Sei que ele também quer melhorar o futebol português. Mas sinto que projeto que apresento é de futuro, adaptado aos reais desafios que temos pela frente. Infelizmente, não tive a oportunidade de debater com o meu adversário, porque ele não aceitou", rematou.

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