Fatal Fury: City of the Wolves – Review
Fatal Fury é uma série clássica da SNK. Apesar de Terry Bogard ser um personagem mais reconhecido com The King of Fighters nos últimos anos (e as suas diversas aparições em jogos como Super Smash Bros. Ultimate e Street Fighter 6), é inegável que a sua série original fazia falta. Principalmente depois do aclamado Garou: …

Fatal Fury é uma série clássica da SNK. Apesar de Terry Bogard ser um personagem mais reconhecido com The King of Fighters nos últimos anos (e as suas diversas aparições em jogos como Super Smash Bros. Ultimate e Street Fighter 6), é inegável que a sua série original fazia falta. Principalmente depois do aclamado Garou: Mark of the Wolves.
Dito isso, após mais de duas décadas, a SNK lança Fatal Fury: City of the Wolves. O aguardado título oferece mecânicas novas, um elenco variado e, por incrível que pareça, muito conteúdo single-player.
Antes de começarmos a falar de todos os modos, é importante explicar o gameplay de Fatal Fury: City of the Wolves. Primeiramente, caso não saiba, trata-se de um jogo de luta 1×1 de forma clássica. Ao contrário dos títulos mais antigos, Fatal Fury: City of the Wolves não usa o sistema de duas “linhas”, ou seja, de poder ir ao fundo do cenário. Há um modo específico para isso por pura diversão, mas o principal do jogo segue algo mais estabelecido por Garou: Mark of the Wolves.
Fatal Fury: City of the Wolves apresenta o chamado sistema REV. É difícil explicá-lo em poucas palavras porque há muitas, mas muitas mecânicas em torno disso. Mas há uma forma que deixa tudo mais claro: se você jogou Street Fighter 6, o sistema REV é similar ao Drive, porém ao invés de você perder barra ao usar os golpes EX e entrar no “burnout”, você enche uma barra e entra no “overheat”. No caso do overheat, sua defesa pode ser aberta em poucos golpes, caso se mantenha na defensiva. Dito isso, fica mais claro entender o REV.
Na luta em si, você também verá que é possível “linkar” um golpe EX no outro. Isso é uma mecânica específica do jogo e, como esperado, só é possível ser reaizada se não estiver em overheat. Apesar da barra de REV, você ainda tem as barras de Super (duas delas) que vão enchendo da forma clássica: usando golpes especiais e lutando. Estando cheias, você consegue usar dois Supers diferentes de nível 1 ou 2.
Outra mecânica é o chamado “S.P.G.”. Você pode posicioná-lo em três locais distintos de sua barra de vida – dependendo do quanto você tem restante, ele é ativado. Ativo, você tem acesso a um golpe com armadura que pode ser usado tanto para finalizar combos quanto para pegar o oponente de surpresa. Mas o principal é que, com o S.P.G. disponível e duas barras de Super, você tem acesso ao especial mais devastador do jogo. Então é importante manusear a quantidade de barras e pensar no seu estilo de jogo para posicionar quando o S.P.G. deve ficar ativo.
Fatal Fury: City of the Wolves possui muito mais mecânicas, como o “Faint” (basicamente cancelar o início de um golpe, como um anti-aéreo, para poder conectar outro golpe), “Just Defend” (defender na hora exata que receberia o golpe para ter mais vantagem na hora de revidar), e até uma defesa que, ao utilizar, afasta o adversário (além de usar a barra de REV ao invés de tomar chip damage).
Todas essas mecânicas deixam o jogo profundo e bem divertido de ser jogado. Nesse ponto, a SNK acertou em cheio.
Para quem é mais casual, seguindo algo que a Capcom implementou com Street Fighter 6, Fatal Fury: City of the Wolves oferece o chamado “Smart Style”. É basicamente um controle mais fácil dos golpes e combos. Honestamente, achei um pouco confuso devido a todas mecânicas listadas acima e acredito que no fim não vá facilitar tanto assim. Creio que esse estilo de comando só ajude quem tem dificuldade em realizar os movimentos especiais por conta das direções a serem pressionadas.
Também pensando no público casual, a SNK trouxe muito conteúdo single-player para Fatal Fury: City of the Wolves. Isso é algo que me impressionou bastante, considerando que não é algo que a empresa tenha feito no passado com outros jogos, como The King of Fighters XV e Samurai Shodown.
Fatal Fury: City of the Wolves possui o clássico Arcade (com uma história sendo contada para cada personagem), assim como modos que variam o desafio: Time Attack (contra o relógio), Survival (sobrevivência) e os clássicos Trials (os combos a serem feitos com os personagens – inclusive no Smart Style citado anteriormente). Vale notar que, neste último modo, a demonstração está meio defeituosa. Havia alguns testes no Smart Style que não conseguia completar de jeito algum e – por incrível que pareça – nem a própria demonstração in-game. Acabei completando porque descobri mais tarde que só funcionava no canto, mas é uma falha para quem estiver aprendendo com esse estilo de jogo, por exemplo.
Outro modo interessante é o chamado de Clone. É possível treinar uma IA para que se acostume com o seu modo de jogo (analisando os seus replays online) e as pessoas a enfrentem (e você enfrentar os clones de outros oponentes, inclusive da própria SNK). É basicamente o sistema de Ghost que Tekken 8 implementou.
Mas um modo que chama a atenção e deve agradar quem gosta de conteúdo single-player é o Episódios de South Town. É um mini-RPG, basicamente. Você escolhe um personagem e uma história é contada sobre o seu ponto de vista.
Nesse modo, há um pequeno mapa de South Town e você escolhe diferentes pontos para duelar oponentes, sejam eles personagens normais do jogo ou NPCs criados especificamente para este modo. Vença e ganhe EXP para evoluir de nível. Aos poucos, chefes aparecem nas áreas que permitem avançar a história (contada em forma de texto e algumas ilustrações, porém).
Não é um modo longo mesmo sendo um RPG (com um personagem você deve terminá-lo em cerca de 1 hora). Mas é divertido saber mais sobre a história de cada lutador, principalmente se você se importa com isso.
Vale notar que há um mini-game de garrafas aqui, assim como inúmeros destraváveis (artes, conversas entre os personagens e mais).
Finalmente, Fatal Fury: City of the Wolves tem uma jukebox bastante completa para escutar as músicas (e selecionar em quais fases ouvi-las) e é possível editar as cores dos personagens. Um modo, no entanto, que decepciona um pouco é o online.
Se você jogou o beta, já sabe: o matchmaking continua demorado e ruim. É algo que pode ser consertado e, com sorte, a SNK consiga fazer isso até mesmo antes do jogo lançar oficialmente em 24 de abril. Portanto, é uma crítica que tenho que fazer porque é o que experimentei, mas tenha em mente que a situação pode ser outra daqui a algumas semanas ou até mesmo dias (esperamos que sim!).
Mas algo que parece que não há conserto é a interface extremamente confusa. O menu principal do jogo em si já é meio estranho. Ao querer ser estiloso, não passou nenhuma praticidade e o online é ainda pior. Trocar de personagem, aceitar convite de um lobby e outras ações básicas estão escondidas e necessitam caminhos desnecessariamente longos. Com o tempo você acaba se acostumando, mas não deveria haver essa necessidade.
Porém, quando a partida em si acontece, o netcode é excelente. Mesmo com conexões ruins de países distantes é possível jogar (de certa forma, não posso generalizar também). Então a parte principal está funcionando e muito bem. O problema todo é chegar nela, infelizmente.
Fatal Fury: City of the Wolves possui uma trilha sonora muito boa, em minha opinião. Os gráficos também são ótimos. Não vou mentir: desde o anúncio achei estranho usar o mesmo modelo de KOF XV para Terry e Rock, por exemplo, mas se você conseguir diferenciar ambos os produtos, é provavelmente um dos jogos com os gráficos mais bonitos da SNK até o momento (talvez perca para Samurai Shodown).
Mas algo estranho, principalmente na versão de PS5, são alguns loadings desnecessários. É estranho, eles acontecem em alguns momentos em que parecem não haver necessidade de ter, como no Episódios de South Town: é o mesmo cenário e só troca o oponente após um round vencido, mas parece carregar toda a luta do zero. Não joguei a versão de PS4 para a análise, mas imagino que seja ainda pior (espero que não).
Por fim, não posso deixar de citar meu desapontamento com o elenco base. É claro, muitos personagens são mais do que bem-vindos, mas Cristiano Ronaldo foi uma péssima escolha. Pode trazer o marketing para o jogo que seja, mas não faz o menor sentido a presença dele aqui e, em minha opinião, inserido “da forma que ele é”. O que quero dizer com isso é que existem outras formas de não parecer um personagem de Mugen inserido num jogo pago: ele poderia ser um ninja que seja, ou um “Power Ranger”. Faria mais sentido do que um jogador de futebol aleatório jogando bolas nos oponentes. De novo, isso é minha humilde opinião. E isso que não entrei no fato de que o modelo dele está feio demais comparado com os outros personagens.
E o DJ Salvatore Ganacci também não se salva. Ele ao menos tenta passar o ar de um personagem cômico (tipo um Dan Hibiki da vida) e seus golpes com música fazem um pouco de sentido, mas as suas animações são muito feias.
O problema de ambos vai além: estão ocupando dois slots de personagens como Andy Bogard e Joe Higashi, que agora são DLCs futuros. E se ambos (CR7 e o DJ) fossem DLC, quase ninguém os compraria também, o que mantém o ponto de que não faz sentido algum estarem no jogo. Ao menos, o primeiro passe do jogo (que vai adicionar Ken, Chun-Li e Mr. Big, além de Andy e Joe) é gratuito na compra da Special Edition – que é basicamente a única à venda. Em outras palavras, é como se os primeiros personagens DLC fossem gratuitos. Parece que a SNK já antecipou o ódio que seria toda essa história e tentou amenizar com isso.
Fatal Fury: City of the Wolves é um ótimo jogo com um bom conteúdo single-player e mecânicas de gameplay profundas. O elenco (tirando os convidados) é sólido, assim como os gráficos e músicas. A interface e matchmaking podem não ser ideais no momento, mas o online em si nas partidas funciona, então há esperança.
Fatal Fury: City of the Wolves está disponível para PS4, PS5, Xbox Series e PC. Esta análise é da versão PS5 e foi realizada com um código fornecido pela SNK.