Em breve, você vai poder vender seus dados para empresas; entenda

Nesta terça-feira (29), a Dataprev, empresa estatal de tecnologia responsável por gerir dados de participantes do INSS e de programas sociais do governo, anunciou que está trabalhando em projeto que vai deixar os brasileiros venderem suas informações para empresas. Em troca, o cidadão será pago em dinheiro pela venda.

Segundo o presidente-executivo da Dataprev, Rodrigo Assumpção, em fala durante o Web Summit Rio 2025, a ideia é que os titulares possuam mais controle sobre seus dados.

De acordo com Assumpção, “estamos prontos para começar uma iniciativa que certificará os dados referentes a esses contratos e permitirá que os dados sejam monetizados“.

Ele disse que a ideia segue em estágio de estudos, mas acredita que, ao menos em um primeiro momento, não haverá opção para que as empresas identifiquem os cidadãos separadamente em determinado conjunto de informações.

O presidente-executivo do Dataprev entende que esses dados servirão para fins de marketing. “Acredito que o uso desses dados será menos para identificar indivíduos e mais para identificar tendências de mercado“, explanou.

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Venda de dados para empresas: funcionamento

• O Dataprev é responsável por intermediar os contratos de empréstimos consignados entre financeiras e beneficiários do INSS;
• A estatal pretende criar uma maneira para as informaçõespessoais que estão presentes nos contratos passem a ser utilizados por terceiros;
• Assumpção explicou: “Haverá uma opção para o indivíduo autorizar que os dados referentes a este contrato sejam colocados em uma carteira de dados e fiquem disponíveis para monetização“;
• Uma vez que esses dados sejam disponibilizados, o Dataprev passaria a oferecê-los para empresas.

Além disso, a empresa estuda permitir aos cidadãos que possa interromper o compartilhamento das informações a qualquer momento, semelhante ao que acontece com quem adere ao Open Finance.

O projeto está sendo realizado em parceria com a DrumWave, empresa especializada em tecnologias de propriedade de dados. Segundo a companhia, será criada uma “conta poupança de dados” individual, que permitirá o controle efetivo dos indivíduos sobre suas informações pessoais.

Dessa forma, os cidadãos poderão controlar, efetivamente, suas informações e transformá-los em ativos econômicos. Espera-se que essas informações também possam ser utilizadas no treinamento dos modelos de linguagens grandes (LLMs, na sigla em inglês), que estão por trás dos chatbots de inteligência artificial (IA), como o ChatGPT, da OpenAI, e o Gemini, do Google.

“Trata-se de um passo relevante rumo à equidade digital ao reconhecer o valor intrínseco dos dados de cada cidadão. Acreditamos que esta iniciativa pode estabelecer a base para um modelo de propriedade de dados que promova a inclusão financeira e redefina a economia digital sob perspectiva mais justa“, prosseguiu o presidente da Dataprev.

Para Brittany Kaiser, Chief Evangelist and Board Advisor da DrumWave e presidente da Own Your Data Foundation, a parceria entre as duas instituições posiciona o Brasil como protagonista global na defesa dos direitos digitais.

“Essa é uma iniciativa de implementação de propriedade de dados que permitirá aos cidadãos brasileiros decidirem sobre o uso de suas informações. Essa é uma correção no desequilíbrio histórico da economia digital, que visa promover justiça econômica e fortalecer os direitos humanos digitais no século XXI”, afirmou.

Kaiser é conhecida por ser uma das responsáveis pela divulgação de detalhes relacionados ao escândalo da Cambridge Analytica e os dados coletados no Facebook, em 2018.

Segundo a DrumWave, com a iniciativa, espera-se:

• Assegurar transparência total sobre a utilização dos dados pessoais dos cidadãos;
• Propor modelo de participação da população na economia digital baseada em IA, com uso dos dados como capital de investimento;
• Promover a geração de riqueza por meio de rendimentos compostos baseados no valor dos dados;
• Estabelecer mecanismo de renda mínima digital a partir da valorização e do uso dos dados pessoais no mercado.

Uma vez que a primeira etapa seja concluída, as instituições apresentarão seus resultados e o projeto de expansão.

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