Deserto do Saara, que já foi verde, também era lar de misteriosa linhagem humana
Uma equipe de cientistas de diversas universidades europeias estudou os primeiros restos de humanos que habitaram o Norte da África há 7.000 anos, quando o Deserto do Saara era uma savana úmida e verdejante. Os detalhes da pesquisa foram publicados na revista científica Nature, no início de abril. Como era o Saara antes de se tornar o maior deserto quente do planeta? Neandertais cruzaram com linhagem humana desconhecida antes de nos encontrar O estudo consistiu de uma análise do DNA de duas mulheres mumificadas naturalmente em um abrigo de pedra chamado Takarkori, no sudoeste da atual Líbia — com sete milênios, são os restos humanos mumificados mais antigos conhecidos. A época em que viveram, chamada “Saara Verde”, durou entre 14.500 e 5.000 anos atrás. Uma nova população humana O genoma da dupla, extraído da raiz dos dentes e de uma fíbula (osso da perna), revelou uma linhagem humana desconhecida, diferente das populações da Eurásia e África Sub-saariana da época. Apesar de isolado geneticamente, o povo Takarkori criava animais, uma inovação humana que surgiu fora da África. -Entre no Canal do WhatsApp do Canaltech e fique por dentro das últimas notícias sobre tecnologia, lançamentos, dicas e tutoriais incríveis.- Os restos mumificados naturalmente de uma mulher de 7.000 anos que viveu no Deserto do Saara, mas na época em que o local era uma savana verdejante (Imagem: Archivio Missione Archeologica nel Sahara/Sapienza Universitá di Roma) Evidências arqueológicas como ferramentas de pedra e madeira, ossos de animais, cestos de palha, figuras entalhadas e potes de cerâmica indicam atividade pastoral, o que, segundo os cientistas, deve ter chegado à região por transmissão cultural. O DNA das mulheres indicou serem de uma linhagem que se separou das populações subsaarianas há cerca de 50.000 anos. No mesmo período, outras linhagens humanas se espalharam pelo continente africano e saíram em direção ao Oriente Médio, Ásia e Europa. Os Takarkori são uma mostra da diversidade genética do norte africano entre 50.000 e 20.000 anos atrás — após esse período, são vistos sinais de migrações da região do Levante, no leste do Mediterrâneo. Há 8.000 anos, então, migrações vieram da Sicília e Península Ibérica. Como o Saara só esteve habitável há cerca de 15.000 anos, os Takarkori ficaram isolados por muito mais tempo do que seus parentes, como mostram seus genes. Quando a região voltou a ser desértica, há cerca de 3.000 anos, eles foram forçados a sair. Seus genes, com muito menos influência de DNA neandertal do que outros Homo sapiens, sobrevivem em alguns povos modernos do Norte da África. Leia também: Deserto do Saara era o lugar mais perigoso da Terra há 100 milhões de anos Quantas espécies humanas já existiram na Terra? As múmias mais antigas do mundo não são egípcias — conheça os Chinchorro VÍDEO: Robô anda igual humano | Maravilhas da Tecnologia | #shorts Leia a matéria no Canaltech.

Uma equipe de cientistas de diversas universidades europeias estudou os primeiros restos de humanos que habitaram o Norte da África há 7.000 anos, quando o Deserto do Saara era uma savana úmida e verdejante. Os detalhes da pesquisa foram publicados na revista científica Nature, no início de abril.
- Como era o Saara antes de se tornar o maior deserto quente do planeta?
- Neandertais cruzaram com linhagem humana desconhecida antes de nos encontrar
O estudo consistiu de uma análise do DNA de duas mulheres mumificadas naturalmente em um abrigo de pedra chamado Takarkori, no sudoeste da atual Líbia — com sete milênios, são os restos humanos mumificados mais antigos conhecidos. A época em que viveram, chamada “Saara Verde”, durou entre 14.500 e 5.000 anos atrás.
Uma nova população humana
O genoma da dupla, extraído da raiz dos dentes e de uma fíbula (osso da perna), revelou uma linhagem humana desconhecida, diferente das populações da Eurásia e África Sub-saariana da época. Apesar de isolado geneticamente, o povo Takarkori criava animais, uma inovação humana que surgiu fora da África.
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Evidências arqueológicas como ferramentas de pedra e madeira, ossos de animais, cestos de palha, figuras entalhadas e potes de cerâmica indicam atividade pastoral, o que, segundo os cientistas, deve ter chegado à região por transmissão cultural.
O DNA das mulheres indicou serem de uma linhagem que se separou das populações subsaarianas há cerca de 50.000 anos. No mesmo período, outras linhagens humanas se espalharam pelo continente africano e saíram em direção ao Oriente Médio, Ásia e Europa.
Os Takarkori são uma mostra da diversidade genética do norte africano entre 50.000 e 20.000 anos atrás — após esse período, são vistos sinais de migrações da região do Levante, no leste do Mediterrâneo. Há 8.000 anos, então, migrações vieram da Sicília e Península Ibérica.
Como o Saara só esteve habitável há cerca de 15.000 anos, os Takarkori ficaram isolados por muito mais tempo do que seus parentes, como mostram seus genes. Quando a região voltou a ser desértica, há cerca de 3.000 anos, eles foram forçados a sair. Seus genes, com muito menos influência de DNA neandertal do que outros Homo sapiens, sobrevivem em alguns povos modernos do Norte da África.
Leia também:
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- Quantas espécies humanas já existiram na Terra?
- As múmias mais antigas do mundo não são egípcias — conheça os Chinchorro
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