Desculpem, eu tenho dificuldade de acreditar que o mundo vai acabar e cair nas narrativas do apocalipse
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Caros(as) leitores(as),
Nas últimas semanas, a narrativa do mercado financeiro mudou por completo. Donald Trump anunciou a agenda de reciprocidade tarifária, a retaliação veio na sequência, especialmente do lado chinês e o resto é história.
Agora, o pessimismo toma conta dos investidores, gestores e pessoas aleatórias que vestem jaleco de especialista de geopolítica. As falas em podcasts, textos e relatórios – todas posicionadas contra o modelo econômico americano.
O dólar vai ruir e deixar de ser reserva de valor para o mundo. Os EUA devem entrar numa recessão profunda e ter problemas graves de crescimento econômico.
Blá, blá, blá…
Não é a primeira vez que os cavaleiros do apocalipse aparecem para dizer que o planeta terminou. Provavelmente não será a última.
O exercício de humildade vem de compreender que você sempre pode estar errado. Dito isso, me questiono:
Dólar não será mais reserva? Então, o que será?
O ouro não pode, por ser limitado e não conseguir absorver toda a demanda financeira por reservas. Bitcoin segue a mesma lógica, e ainda não se comporta como uma reserva, dada a correlação com ativos de risco.
A moeda chinesa vai? Hoje, não podemos nem confiar nos dados de PIB divulgados pelo governo chinês, e o Xi Jinping sempre pode acordar mau humorado numa autocracia com a intenção de dar uma canetada.
O modelo econômico americano vai ruir? Talvez ele vá crescer menos, o mundo vai crescer menos.
Porém, onde está a turma que dizia que a China iria acabar? Os chineses vão viver crescimento demográfico negativo e destruir residências?
A política do filho único ainda aplica seus efeitos até hoje. É impossível de investir na China e o “excepcionalismo americano” vai continuar.
Tudo mudou em semanas? Pode até ser, Trump de fato está mexendo em placas tectônicas globais relevantes.
Teremos mudanças no mundo? Isso eu não tenho dúvidas.
Mas será que elas serão suficientemente grandes para mudar o rumo de questões estruturais que são mantidas há muitas décadas? Isso eu tenho dificuldade de acreditar.
China e EUA são responsáveis por 63% do crescimento do PIB nos últimos 40 anos. Dois terços do aumento de produto interno bruto do mundo vieram dos dois gigantes.
A China é a maior vendedora do planeta, os EUA o maior cliente. Eles vão entrar em guerra? Não sei, me recuso a vestir este jaleco.
O que eu posso dizer é: numa guerra com dois lados cheios de bombas nucleares, é inquantificável em termos de impacto e não existe livro texto de alocação de recursos para isso.
Nem os contratos futuros de ouro vão te proteger, talvez você precise deles fisicamente, isso se tiverem algum valor depois da destruição completa do planeta…
Eu tenho dificuldade de acreditar nisso e de que devo fazer movimentos bruscos em minha carteira. Talvez a gente já tenha visto as mínimas do mercado, talvez ele volte a testar essas barreiras novamente.
Creio ser mais construtivo, lembrar dos últimos “fins do mundo” e pensar que não passam de um filme “2012”. Os fatores estruturais são uma bússola para os momentos de caos.
Não temos uma crise financeira, não teremos uma grande depressão nos EUA sem ela. No bom português, e para bom entendedor meia palavra basta: segue o jogo, meus amigos e amigas.
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