Consumidores nos EUA começam a guardar estoque de alimentos em meio ao tarifaço

Consumidores em diferentes regiões dos Estados Unidos começaram a reforçar seus estoques domésticos diante da previsão de aumento nos preços do varejo causado pela entrada em vigor de uma nova rodada de tarifas de importação anunciada pelo governo do ex-presidente Donald Trump. A medida deve começar a valer na quarta-feira. Em uma unidade do Walmart […] O post Consumidores nos EUA começam a guardar estoque de alimentos em meio ao tarifaço apareceu primeiro em O Cafezinho.

Abr 8, 2025 - 14:50
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Consumidores nos EUA começam a guardar estoque de alimentos em meio ao tarifaço

Consumidores em diferentes regiões dos Estados Unidos começaram a reforçar seus estoques domésticos diante da previsão de aumento nos preços do varejo causado pela entrada em vigor de uma nova rodada de tarifas de importação anunciada pelo governo do ex-presidente Donald Trump. A medida deve começar a valer na quarta-feira.

Em uma unidade do Walmart Supercenter, Thomas Jennings, 53 anos, relatou estar adquirindo grandes quantidades de produtos não perecíveis.

“Estou comprando o dobro de qualquer coisa — feijão, produtos enlatados, farinha, o que quiser”, afirmou. Mais cedo, em uma visita à rede atacadista Costco, Jennings também comprou farinha, açúcar e água em grandes volumes.

“Há uma recessão a caminho e estou me preparando para o pior”, completou.

A Tax Foundation, organização de pesquisa apartidária e sem fins lucrativos, estimou que as novas tarifas terão um impacto de US$ 3,1 trilhões sobre os consumidores americanos ao longo dos próximos dez anos.

Somente em 2025, a entidade prevê que cada família norte-americana enfrente um acréscimo de aproximadamente US$ 2.100 em seus custos, o equivalente a um aumento indireto na carga tributária.

Apesar de muitos consumidores manterem uma postura de cautela, há sinais de preocupação com a possibilidade de desabastecimento e inflação, o que pode intensificar o comportamento de estocagem.

Manish Kapoor, fundador da empresa de gestão da cadeia de suprimentos GCG, com sede nos arredores de Los Angeles, comparou a atual situação com o período da pandemia de Covid-19.

“Vimos isso também durante a Covid, quando todo mundo foi freneticamente pegar tudo o que havia nas prateleiras das lojas, quer precisassem ou não”, declarou.

“Não chegamos a esse nível, mas as pessoas estão preocupadas com o fato de que o custo [dos produtos] vai subir e, você sabe, vamos estocar.”

As redes Walmart e Costco foram procuradas, mas não responderam aos pedidos de comentário sobre o comportamento recente dos consumidores ou sobre os impactos previstos pelas tarifas.

Angelo Barrio, 55 anos, aposentado do setor de vestuário, afirmou que a política tarifária adotada por Trump tem gerado incertezas econômicas entre ele e seus conhecidos.

Segundo ele, a antecipação dos aumentos nos preços motivou a adoção de uma estratégia de compra preventiva desde novembro. “As táticas de Trump de ‘turvar a água e causar o caos’ preocuparam a mim e a meus amigos quanto aos rumos da economia”, afirmou.

Na última semana, Barrio reforçou seu estoque com pasta de dente, sabonete, arroz e água. Os itens foram organizados em seis caixas guardadas em seu porão com temperatura controlada. Ele também adquiriu mais azeite de oliva em uma loja do Walmart.

“Você nunca tem certeza de quanto vai precisar”, justificou. Em relação à China, alvo das medidas tarifárias, Barrio declarou: “Eles estão simplesmente sendo penalizados sem culpa própria. Sempre fiquei feliz por eles poderem nos fornecer produtos a preços tão baixos.”

Maggie Collins, auxiliar de saúde em uma casa de repouso para idosos, relatou preocupação com o impacto das tarifas sobre pessoas com renda fixa.

Em uma unidade do Walmart em North Bergen, Nova Jersey, ela optou por marcas próprias da rede, consideradas mais acessíveis do que produtos similares da Procter & Gamble e da Unilever.

“Observo todos os preços com atenção porque tenho uma renda fixa”, explicou. “Pagar um preço mais alto em algum lugar significa fazer ajustes em algum outro orçamento.”

Collins relatou que, em visita recente ao supermercado Shoprite, precisou alterar sua compra habitual de carne moída. A embalagem de 1,36 kg, que custava US$ 16, foi substituída por uma versão de US$ 8.

Ela expressou preocupação com as gerações mais jovens diante do cenário econômico. “Eles estão apenas começando a entrar neste mundo em que se tornou tão difícil sobreviver.”

A expectativa é que os efeitos das novas tarifas se tornem mais perceptíveis nas próximas semanas, tanto para o setor varejista quanto para os consumidores. As medidas fazem parte de uma política de comércio exterior que visa pressionar países exportadores, como a China, por meio de aumentos tarifários.

O governo chinês, por sua vez, já adotou medidas de retaliação em relação às ações norte-americanas. A escalada das tensões comerciais reacende o debate sobre o impacto de políticas protecionistas no mercado doméstico e nas condições de consumo.

Com informações da Reuters

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