Conselho de Ética da Câmara tem sessão tumultuada em análise de caso que pode levar à cassação de Glauber Braga

Partido Novo acionou o Conselho de Ética após o deputado expulsar da Câmara aos chutes um integrante do MBL. Glauber Braga diz que agiu em legítima defesa e que o relator do caso é parcial. Sessão do Conselho de Ética da Câmara para votar cassação de Glauber Braga (PSOL-RJ) Kevin Lima/g1 A reunião do Conselho de Ética da Câmara dos Deputados para analisar, nesta quarta-feira (9), o parecer que recomenda a cassação do deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) foi marcada por manobras e tumultos. Em meio à embates, Braga anunciou uma greve de fome em protesto contra o processo disciplinar. Ele disse que vai ficar na sala do conselho e não vai comer até o fim do procedimento. “Hoje já iniciei [a greve], estou o dia inteiro em jejum. Tomei sim a decisão de usar a tática mais radical que o militante político pode fazê-lo. Vou permanecer aqui nessa sala, no Congresso Nacional, até a finalização do processo. Não vou me alimentar até o fechamento desse processo”, afirmou Glauber, em mensagem enviada a jornalistas. Iniciada poucos minutos antes do meio-dia, a sessão contou com uma série de instrumentos do PSOL e de partidos aliados para tentar adiar a abertura da discussão e da votação que pode levar à perda do mandato de Glauber. Glauber é acusado de ter quebrado o decoro parlamentar ao expulsar, aos chutes e empurrões, um militante do Movimento Brasil Livre (MBL) do interior da Câmara, em abril de 2024. Glauber Braga: entenda as acusações e a defesa no processo que pode levar à perda de mandato do parlamentar Dentro e fora da sala em que a reunião ocorreu, militantes e aliados de Glauber se manifestaram contra a aprovação do parecer de Paulo Magalhães (PSD-BA), que recomenda a cassação do parlamentar fluminense. Entre os presentes, estava o ator Marco Nanini, que permaneceu no plenário do órgão para demonstrar apoio a Glauber Braga (veja no vídeo abaixo). Marco Nanini vai ao Conselho de Ética da Câmara prestar apoio ao deputado Glauber Braga A lotação do espaço fez com que as primeiras manifestações dos deputados fossem na tentativa de suspender o encontro. Parlamentares aliados de Glauber Braga fizeram críticas à ausência de previsibilidade na escolha da sala da reunião e a problemas no ar-condicionado do espaço — servidores, convidados, militantes e jornalistas se abanaram ao longo de quase toda a reunião. Deputados pediram que a reunião fosse suspensa e remarcada. O presidente do Conselho de Ética, deputado Leur Lomanto Júnior (União-BA), negou os pedidos. Leur Lomanto Júnior também negou a maior parte das questões apresentadas por parlamentares aliados e pela defesa de Glauber. Ao longo das primeiras horas, deputados se revezaram na apresentação de questões de ordem e de pedidos para atrasar o rito dos trabalhos. Um pedido de suspeição do relator também chegou a ser formulado e apresentado pela defesa de Glauber, representada pelo advogado André Maimoni. Minutos antes de as votações terem início no plenário principal da Câmara, tentando postergar ao máximo a votação, deputados e assessores do PSOL cantaram parabéns para a líder da bancada, a deputada Talíria Petrone (RJ), que completa 40 anos nesta quarta. Manifestações dentro e fora Antes do início da sessão, Glauber reuniu e recebeu apoiadores em uma das entradas da Câmara. Os manifestantes gritavam "Glauber fica" e portavam cartazes e adesivos. Alguns dos cartazes questionavam a parcialidade do relator Paulo Magalhães. Dentro do Conselho de Ética, depois de algumas manifestações que atrapalharam os discursos, Leur Lomanto Júnior determinou que militantes e convidados de Glauber não se manifestassem ao longo das falas e não utilizassem cartazes e bandeiras dentro do plenário do órgão. Apoiadores de Glauber Braga protestam contra cassação no Conselho de Ética Do lado de fora, militantes que não conseguiram entrar também se manifestaram nos corredores da Câmara. Os gritos de "Glauber fica" podiam ser ouvidos de dentro do Conselho de Ética. Perto das 13h, um pequeno grupo chegou a discutir com um funcionário que havia se identificado como representante da liderança do PSOL na Casa. O servidor pediu aos manifestantes que deixassem os corredores e parassem de gritar "Glauber fica", em uma tentativa de evitar que a Polícia Legislativa os expulsasse. Uma mulher e um homem rebateram os pedidos. "Por conta de gente com essa atitude covarde, dentro da Casa, que o Glauber está passando o que está passando", respondeu a mulher. Kim x Boulos Também houve embates entre os deputados Kim Kataguiri (União-SP) e Guilherme Boulos (PSOL-SP). Kim é uma das pessoas apontadas pelo relator como agredidas por Glauber em abril. Ao discursar em defesa da cassação de Glauber, Kim criticou o apoio de parlamentares da esquerda a Glauber e fez referência ao parecer apresentado por Boulos — e aprovado pelo conselho — que livrou André Janones (Avante-MG) de um processo que pedia a sua cassação por suposto desvio de dinheiro dentro de seu gabinete. Boulos rebateu, afirmando que Kim Kataguir

Abr 9, 2025 - 22:07
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Conselho de Ética da Câmara tem sessão tumultuada em análise de caso que pode levar à cassação de Glauber Braga

Partido Novo acionou o Conselho de Ética após o deputado expulsar da Câmara aos chutes um integrante do MBL. Glauber Braga diz que agiu em legítima defesa e que o relator do caso é parcial. Sessão do Conselho de Ética da Câmara para votar cassação de Glauber Braga (PSOL-RJ) Kevin Lima/g1 A reunião do Conselho de Ética da Câmara dos Deputados para analisar, nesta quarta-feira (9), o parecer que recomenda a cassação do deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) foi marcada por manobras e tumultos. Em meio à embates, Braga anunciou uma greve de fome em protesto contra o processo disciplinar. Ele disse que vai ficar na sala do conselho e não vai comer até o fim do procedimento. “Hoje já iniciei [a greve], estou o dia inteiro em jejum. Tomei sim a decisão de usar a tática mais radical que o militante político pode fazê-lo. Vou permanecer aqui nessa sala, no Congresso Nacional, até a finalização do processo. Não vou me alimentar até o fechamento desse processo”, afirmou Glauber, em mensagem enviada a jornalistas. Iniciada poucos minutos antes do meio-dia, a sessão contou com uma série de instrumentos do PSOL e de partidos aliados para tentar adiar a abertura da discussão e da votação que pode levar à perda do mandato de Glauber. Glauber é acusado de ter quebrado o decoro parlamentar ao expulsar, aos chutes e empurrões, um militante do Movimento Brasil Livre (MBL) do interior da Câmara, em abril de 2024. Glauber Braga: entenda as acusações e a defesa no processo que pode levar à perda de mandato do parlamentar Dentro e fora da sala em que a reunião ocorreu, militantes e aliados de Glauber se manifestaram contra a aprovação do parecer de Paulo Magalhães (PSD-BA), que recomenda a cassação do parlamentar fluminense. Entre os presentes, estava o ator Marco Nanini, que permaneceu no plenário do órgão para demonstrar apoio a Glauber Braga (veja no vídeo abaixo). Marco Nanini vai ao Conselho de Ética da Câmara prestar apoio ao deputado Glauber Braga A lotação do espaço fez com que as primeiras manifestações dos deputados fossem na tentativa de suspender o encontro. Parlamentares aliados de Glauber Braga fizeram críticas à ausência de previsibilidade na escolha da sala da reunião e a problemas no ar-condicionado do espaço — servidores, convidados, militantes e jornalistas se abanaram ao longo de quase toda a reunião. Deputados pediram que a reunião fosse suspensa e remarcada. O presidente do Conselho de Ética, deputado Leur Lomanto Júnior (União-BA), negou os pedidos. Leur Lomanto Júnior também negou a maior parte das questões apresentadas por parlamentares aliados e pela defesa de Glauber. Ao longo das primeiras horas, deputados se revezaram na apresentação de questões de ordem e de pedidos para atrasar o rito dos trabalhos. Um pedido de suspeição do relator também chegou a ser formulado e apresentado pela defesa de Glauber, representada pelo advogado André Maimoni. Minutos antes de as votações terem início no plenário principal da Câmara, tentando postergar ao máximo a votação, deputados e assessores do PSOL cantaram parabéns para a líder da bancada, a deputada Talíria Petrone (RJ), que completa 40 anos nesta quarta. Manifestações dentro e fora Antes do início da sessão, Glauber reuniu e recebeu apoiadores em uma das entradas da Câmara. Os manifestantes gritavam "Glauber fica" e portavam cartazes e adesivos. Alguns dos cartazes questionavam a parcialidade do relator Paulo Magalhães. Dentro do Conselho de Ética, depois de algumas manifestações que atrapalharam os discursos, Leur Lomanto Júnior determinou que militantes e convidados de Glauber não se manifestassem ao longo das falas e não utilizassem cartazes e bandeiras dentro do plenário do órgão. Apoiadores de Glauber Braga protestam contra cassação no Conselho de Ética Do lado de fora, militantes que não conseguiram entrar também se manifestaram nos corredores da Câmara. Os gritos de "Glauber fica" podiam ser ouvidos de dentro do Conselho de Ética. Perto das 13h, um pequeno grupo chegou a discutir com um funcionário que havia se identificado como representante da liderança do PSOL na Casa. O servidor pediu aos manifestantes que deixassem os corredores e parassem de gritar "Glauber fica", em uma tentativa de evitar que a Polícia Legislativa os expulsasse. Uma mulher e um homem rebateram os pedidos. "Por conta de gente com essa atitude covarde, dentro da Casa, que o Glauber está passando o que está passando", respondeu a mulher. Kim x Boulos Também houve embates entre os deputados Kim Kataguiri (União-SP) e Guilherme Boulos (PSOL-SP). Kim é uma das pessoas apontadas pelo relator como agredidas por Glauber em abril. Ao discursar em defesa da cassação de Glauber, Kim criticou o apoio de parlamentares da esquerda a Glauber e fez referência ao parecer apresentado por Boulos — e aprovado pelo conselho — que livrou André Janones (Avante-MG) de um processo que pedia a sua cassação por suposto desvio de dinheiro dentro de seu gabinete. Boulos rebateu, afirmando que Kim Kataguiri teria pagado uma empresa com recursos da cota parlamentar. "É curioso ver o deputado Kim querendo dar aula de moralidade pública", afirmou o deputado do PSOL.