CIO da Gerdau: “por vezes, a tecnologia é o mais simples”
Gustavo França, Chief Information Officer (CIO) global da Gerdau, maior empresa brasileira produtora de aço, concedeu uma entrevista exclusiva ao Baguete durante o Gerdau Innovation Day, novo evento da companhia que aconteceu em Porto Alegre na última terça-feira, 8. Dur...
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Gustavo França, Chief Information Officer (CIO) global da Gerdau, maior empresa brasileira produtora de aço, concedeu uma entrevista exclusiva ao Baguete durante o Gerdau Innovation Day, novo evento da companhia que aconteceu em Porto Alegre na última terça-feira, 8.
Durante a conversa, o executivo falou sobre a inovação e transformação dos negócios dentro da Gerdau, que é uma das fundadoras do hub Instituto Caldeira e mantenedora do South Summit, evento de inovação que começou na capital gaúcha nesta quarta-feira, 9.
“O meu papel como CIO é ser um agente de mudança. Eu diria que o maior desafio que eu tenho nesse papel é impulsionar as pessoas, é mobilizar as pessoas. Por vezes, a tecnologia é o mais simples”, destacou França.
França é um profissional de carreira da Gerdau. O executivo ingressou na empresa em 2001 como analista de TI em Salvador e passou por diversos cargos de especialista, gerente, business partner e líder ao longo de 23 anos. A cadeira de CIO veio em janeiro de 2024.
Confira a entrevista completa:
Qual a importância da inovação dentro da Gerdau?
A inovação na Gerdau é uma capacidade empresarial, faz parte da cultura. A necessidade de reinventar, de testar novas formas de fazer, de entregar valor, novas formas de operar, isso faz parte da vitalidade da organização. Ter 124 anos de história é viver uma eterna metamorfose. E isso está cada vez mais impulsionado agora com novos elementos que a gente tem dispostos no mundo. A própria tecnologia vem trazendo uma aceleração demasiadamente grande. Então, vindo da cultura, a inovação é o elemento e a força motriz para nos fazer estar na vanguarda, entregando melhores serviços para os nossos clientes, melhores produtos e criando um valor muito alinhado com o nosso propósito que é empoderar pessoas que constroem o futuro.
E como vocês fazem isso na prática? Vocês têm programa de investimentos em startups?
Nós temos a Gerdau Next, que investe em novos negócios adjacentes ao aço. E nós temos no core, na estrutura central, nós temos a comunidade de inovação que dispõe de uma série de ferramentas. Comunidade que é formada por pessoas de diferentes áreas, por isso que eu falo que é cultura. Não tem uma área de inovação, tem agentes de inovação. Esses agentes de inovação têm ferramentas desde movimentos de design thinking, open innovation, tudo depende do problema que queremos resolver. A depender do problema, vamos ativar uma caixa de ferramentas que dispõe de uma série de elementos. As parcerias, as alianças, as startups, os mecanismos de prototipação, de ideação, é tudo isso que a gente tem disponível através da comunidade.
E isso é estruturado globalmente na companhia?
Do ponto de vista de cultura, sim. No global, cada operação tem autonomia para estabelecer o tom do como vai usar a inovação dentro daquilo que faz sentido para a realidade da operação. Como cultura, competência, curiosidade, despertar a atenção para o novo, a criatividade, as próprias ferramentas, a gente estabelece orientações ou tem mecanismos para colaboração global, mas obviamente cada operação tem problema, oportunidade e cada operação tem autonomia para definir em que atividade ou em que oportunidade vai atuar usando determinada ferramenta de inovação ou não.
E como fica o Brasil nesse contexto?
Sem dúvida nenhuma, temos a maior operação da Gerdau no Brasil e, naturalmente, um ambiente muito propenso a fazer inovação pela diversidade de produtos que a gente entrega no contexto do Brasil, aços especiais para o setor automotivo, aços longos, aços planos, com distribuição própria. Então temos uma cadeia de valor muito variada no Brasil que nos permite explorar muitas fronteiras onde a inovação pode trazer vantagens competitivas.
Em que estágio da transformação digital a Gerdau está hoje?
Nem chamamos mais de transformação digital, chamamos de transformação de negócio. Porque já não é coisa de TI, eu sou um mero facilitador nessa equação. Então o meu desafio é ajudar o negócio a entender quais são as grandes alavancas, as grandes oportunidades e como a tecnologia pode habilitar essas oportunidades. Então, o tech para tech ficou pra trás. O modelo estrutural de tech, claro, é manter rodando, é manter funcionando, é necessário ter eficiência, disciplina de execução, mas a transformação em si, ela vem da estratégia de negócio. E aí o meu papel como CIO é ser um agente de mudança. Eu diria que o maior desafio que eu tenho nesse papel é impulsionar as pessoas, é mobilizar as pessoas. Por vezes, a tecnologia é o mais simples, que é o mais hard, é o mais tangível. O lado humano, as incertezas, a dificuldade. Tudo isso é meu papel ajudar com que esse “change management” funcione na organização de maneira global. Criando capacidades na organização para que impulsione a estratégia de negócio de forma global. Está funcionando. Temos desafios, como toda grande organização, desafios naturais da transformação, principalmente organizações que têm legado, que precisam reinventar seus processos, mas as histórias são histórias de muitos bons aprendizados.
E qual o papel do Instituto Caldeira no processo de inovação?
O Caldeira é um dos principais hubs de inovação no qual estamos conectados. A gente está conectado em outros hubs, mas aqui é uma plataforma importante de conexão. Então nos relacionamos através do Campus Caldeira (programa de capacitação), através do Conecta Caldeira (programa de conexão com startups). Estamos discutindo a criação de um laboratório de inteligência artificial. É uma multiplicidade de temas e o Caldeira acaba sendo um concentrador desse relacionamento, desse networking e fazendo com que essas conexões contribuam com um modelo de prototipação ou de testar ideias muito mais ágil. E isso é um agente fundamental para a inovação. Poderíamos fazer tudo dentro de casa, fechadinho, entre quatro paredes, e optamos por trazer para cá e discutir com o ecossistema. Ideias diferentes, cultura diferente, por vezes há gerações diferentes. Tudo isso traz um impulsionamento bastante grande nas jornadas de transformação que estamos vivendo.
E do South Summit?
O South Summit é complementar. Na verdade, tudo isso está muito conectado. O South Summit é um dos maiores festivais de inovação que temos no Brasil. A diversidade de temas, de cultura, de tópicos que abordamos complementa o nosso repertório, ajuda na geração de leads, de oportunidades, na conexão com startups. As startups também nos conhecem, é o quarto ano consecutivo que nós somos mantenedores, está lá o nosso stand para que também possamos conversar com aqueles que têm interesse em entender um pouco mais do pitch reverso. A gente fazer um pouco mais, contar um pouco mais dos nossos desafios e quem sabe ter um matchmaking aí entre desafios e oportunidades através das startups.