China retira algumas tarifas contra os EUA, Trump questiona ‘boa-fé’ de Putin, reunião de chanceleres do BRICS e mais: veja os bastidores econômicos da semana
Sem avanços nos conflitos comerciais, os mercados asiáticos têm dia misto e bolsas europeias começam o dia com otimismo na abertura. Leia mais. O post China retira algumas tarifas contra os EUA, Trump questiona ‘boa-fé’ de Putin, reunião de chanceleres do BRICS e mais: veja os bastidores econômicos da semana apareceu primeiro em Empiricus.

A semana passada terminou sem qualquer avanço concreto na guerra comercial, apesar da profusão de versões divergentes ventiladas tanto pela Casa Branca quanto por autoridades chinesas. Pequim, aliás, já se encarregou de desmentir publicamente, mais de uma vez, as declarações de Donald Trump sobre um suposto progresso nas negociações — segundo os chineses, sequer há conversas em andamento. A incerteza, como sempre, é corrosiva, mas ao menos o vetor explicitamente negativo parece, por ora, ter sido contido — salvo, claro, alguma nova “surpresa” que o governo americano resolva desferir ao completar 100 dias do novo mandato nesta semana.
Na agenda econômica, os próximos dias trarão dados relevantes de emprego nos EUA, culminando com a divulgação do payroll na sexta-feira (2). Indicadores de atividade e inflação também estarão no radar, prometendo agitar os mercados e fornecer novos elementos para calibrar as expectativas em relação aos próximos passos do Federal Reserve. No front corporativo, a temporada de resultados ganha tração, com destaque para novos balanços das empresas do grupo Magnificent 7.
Nesse ambiente, a semana começou sem uma direção clara nos mercados asiáticos, enquanto as bolsas europeias tentam sustentar algum otimismo na abertura — movimento que contrasta com a leve queda dos futuros americanos nesta manhã, ainda que a dinâmica possa mudar ao longo do dia. As eleições no Canadá também merecem atenção: ainda que o resultado possa manter o partido incumbente no poder, a simples troca de liderança liberal por um perfil mais moderado já pode ser lida como mais um sinal da lenta, mas crescente, mudança no pêndulo político do mundo.
· 00:56 — Ganhando tração
No Brasil, a semana será novamente encurtada por um feriado — desta vez na quinta-feira (1º de maio) —, o que, na prática, comprime a janela útil de atenção dos mercados. Nesse intervalo, além do tradicional acompanhamento do humor externo diante da guerra comercial, temos alguns vetores domésticos relevantes: a temporada de resultados, que finalmente ganha tração por aqui, e a divulgação de dados de emprego, tanto pelo IBGE quanto pelo Caged. Assim como o payroll nos Estados Unidos, esses números podem influenciar as expectativas sobre a política monetária, especialmente no cenário em que o país tenta “acelerar com o freio de mão puxado”.
Ainda no campo monetário, foi anunciada a mudança da bandeira tarifária de energia elétrica: de verde em abril para amarela em maio, reflexo da redução do volume de chuvas com a chegada do período seco. É um problema para o Banco Central, que já queria encerrar o ciclo de alta de juros, mas longe de ser algo que, isoladamente, vá redefinir a trajetória de política monetária. O que realmente ameaça é o quadro fiscal: para ilustrar, mesmo após revisão, a estimativa para os gastos com o BPC em 2026 indica alta de quase 18%. A trajetória é nitidamente insustentável e exigirá um ajuste robusto — que, convenhamos, só virá a partir de 2027, dependendo da eleição.
Pelo menos, em meio à turbulência global, o Brasil ainda é percebido como um vencedor relativo, beneficiando-se do realinhamento de cadeias comerciais provocado pela disputa entre Estados Unidos e China — ainda que a desaceleração do crescimento global imponha limites a esse otimismo, ao menos no curto prazo.
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· 01:48 — Sem chance
Os ministros de Relações Exteriores dos países que integram o BRICS+ reúnem-se no Rio de Janeiro, para debater temas como mudança climática, paz, segurança e comércio exterior — tudo isso em meio à guerra tarifária desencadeada por Donald Trump. A expectativa é de que o grupo divulgue uma declaração conjunta criticando as “medidas unilaterais” dos EUA e defendendo a Organização Mundial do Comércio (OMC). Vale lembrar que o encontro dos chefes de governo e Estado está marcado para o início de julho. Resta a pergunta inevitável: no cenário atual de ruptura da ordem internacional, o BRICS+ poderia, de fato, emergir como alternativa relevante?
Na minha avaliação, dificilmente. É tentador imaginar que, à medida que os EUA se afastam do multilateralismo e da arquitetura econômica que eles próprios desenharam, o vácuo criado poderia ser preenchido pelos BRICS. Mas basta um olhar mais atento para perceber que o grupo é, na prática, uma colcha de retalhos: sistemas políticos incompatíveis, modelos econômicos conflitantes e uma total ausência de visão comum sobre pilares como democracia, livre comércio e Estado de Direito — fundamentos que, gostemos ou não, sempre sustentaram o G7. Para piorar, os interesses internos dos BRICS são frequentemente divergentes, e a rivalidade entre alguns membros mina qualquer ambição de coordenação robusta. No fim das contas, falta ao grupo coesão e disposição para assumir os custos e os riscos de ser o novo fiador da ordem global.
· 02:35 — Tentando se recuperar
Nos EUA, as ações conseguiram se recuperar e encerraram a semana passada em alta, mesmo diante da crescente incerteza em torno das tarifas. Isso porque, em mais um movimento ruidoso, Trump voltou a criar volatilidade ao afirmar que dificilmente estenderá o prazo de 90 dias para a suspensão das tarifas recíprocas. Ainda assim, apesar da tentativa de respiro nos mercados, o dólar caminha para registrar seu pior desempenho em início de mandato presidencial desde, pelo menos, 1973 — justamente o período em que Richard Nixon abandonou o padrão-ouro. A coincidência histórica não poderia ser mais simbólica: o choque atual é de natureza estrutural.
E se o assunto são choques, a semana promete mais turbulência: teremos uma sequência pesada de divulgações, com resultados de gigantes como Amazon, Apple, Meta e Microsoft. Na frente macro, dados de atividade e inflação ajudarão a calibrar as expectativas sobre o rumo da economia americana. Tudo isso culminando com a divulgação do relatório de empregos — o famoso payroll — que pode, mais uma vez, redefinir a bússola dos investidores em um ambiente onde a estabilidade virou luxo.
· 03:27 — Escalada?
Depois de semanas com Donald Trump praticamente implorando por um telefonema de Xi Jinping para retomar as negociações, a China optou por agir no seu próprio ritmo: silenciosamente retirou algumas tarifas. A equipe de Trump insiste na narrativa de que, diante do enfraquecimento da economia chinesa, bastaria endurecer no jogo tarifário para forçar Pequim à rendição. A realidade, contudo, foi menos conveniente: a China não colapsou, tampouco cedeu como se previa. Mesmo com movimentos pontuais de recuo, a verdade é que quem mais cedeu foram os próprios EUA (continuará cedendo).
Enquanto Trump vai colecionando tarifas contra amigos e inimigos, cresce tanto entre republicanos quanto democratas o desejo de restringir seus impulsos protecionistas, ampliando a supervisão do Congresso sobre a política comercial. Em resposta, no embalo da impopularidade das tarifas, o presidente ensaia uma manobra populista: prometeu usar a receita obtida com a guerra comercial para financiar cortes no imposto de renda. Em essência, uma tentativa rudimentar de recriar o velho modelo de arrecadação dos EUA do início do século passado. O mercado não gosta disso…
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· 04:12 — Mudando o tom…
E já que falamos de recuos da Casa Branca, eis mais um: agora no front militar, envolvendo a Ucrânia. No último sábado, enquanto retornava do funeral do Papa Francisco, Donald Trump usou as redes sociais para manifestar suas dúvidas — tardias, diga-se — sobre a boa-fé de Vladimir Putin nas negociações para encerrar a guerra. Trump sugeriu que poderia estar sendo enganado pelo líder russo.
Em seguida, ensaiou uma ameaça: caso Putin não demonstrasse disposição genuína para negociar, os EUA poderiam aplicar novas “Sanções Bancárias” ou “Sanções Secundárias” contra a Rússia. Até agora, no entanto, Trump não incluiu Moscou na leva de tarifas e punições que lançou em seu novo ajuste de contas global no início do mês. Talvez estejamos assistindo a uma tentativa de recriar um tom de enfrentamento.
· 05:03 — De volta ao jogo?
Elon Musk, CEO da Tesla, sinalizou que, nas próximas semanas, começará a se afastar gradualmente do Departamento de Eficiência Governamental (DOGE), órgão para o qual vinha dedicando parte significativa de seu tempo.
A intenção declarada é simples: reduzir sua presença em Washington e voltar a focar no comando de suas próprias empresas, especialmente após o desempenho decepcionante da Tesla (TSLA34) no último trimestre…
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